quarta-feira, 28 de março de 2012

Águas de Março transbordam no Oeste da Cidade

Leonardo Sampaio

As águas de Março que caem em Fortaleza em 2012, procuram seus leitos, seu solo, suas lagoas, açudes, rios e riachos e encontram asfalto, canais de cimento, lixo, esgotos e uma “selva de pedra” sem mais verdes e belezas naturais.

As consequências disso já podem ser sentidas com a primeira chuva prolongada que aconteceu na cidade dia 27 de Março, causando transtorno no transito da Av. Perimetral a altura do bairro Antônio Bezerra, local onde acontece o mesmo problema ao longo dos anos. Podemos ver também a represa das águas que invadem casas onde já foi leito de uma lagoa entre os bairros Autran Nunes e Antônio Bezerra à altura da Ponte do Pau da Veia. Os meios de comunicação estão mostrando o alto volume d’água no sangradouro do açude da UFC no Campus do Pici invadindo os laboratórios da Piscicultura e isso acontece devido os seus afluentes terem sofrido aterramento, virado canais com cimento, construções de casas onde já foi leito de riachos e agora são ruas asfaltadas dos bairros: Parque Universitário, Pan Americano e Bela Vista.

Há uma situação curiosa também no lado Oeste relacionada com a convivência urbana de dois órgãos Federais: UFC – Campus do Pici e CHESF pelo fato de serem um tanto quanto descompromissados com a questão urbanística da cidade nos espaços que ocupam, pois estas duas instituições Públicas Federais, são responsáveis por alagamentos e aterro de mananciais hídricos, a princípio o linhão da CHESF que contribuiu para o aterramento da Lagoa do Autran Nunes e podemos ver isso nas imagens de televisão (Barra Pesada – TV Jangadeiro) onde os postes estavam no centro das águas represadas. Enquanto isso, na área verde que fica em terreno da UFC – Campus do Pici entre a Av. Mister Hull e a Perimetral está instalada Estação da CHESF, que aterrou parte do espaço verde e é também nesse trecho onde as águas do Riacho Alagadiço e o Sangradouro do Açude da Universidade se encontram e ao chegar na Av. Perimetral e Rua Rui Monte transborda por cima da pista, impedindo o tráfego de veículos e grandes engarrafamentos como fica visível nas matérias da TV Diário. Esse trecho já sofreu muitos aterramentos de particulares sem nenhuma intervenção dos órgãos fiscalizadores, mesmo com denuncias de moradores e matérias de jornais e televisivas.

Isso tudo simboliza uma cidade sem planejamento, sem poderes constituídos, onde o público, o privado e o indivíduo determinam “leis” conforme os interesses da propriedade, do capital e da própria. Essa é a cidade em que vereadores, executivo e população cometem os maiores crimes ambientais quando trocam voto por asfalto em becos e ruas, causando maior aquecimento e grandes enchentes.

Mas afirmo que não é por falta de projeto para estes espaços, porque é exatamente neles onde lutamos pela elaboração do Projeto Parque Rachel de Queiroz e desde 1995 está no papel sem nenhum planejamento orçamentário para sua execução, o que impediria os crimes ambientais nas margens e leitos do Riacho Alagadiço e Riacho Cachoeirinha e beneficiaria a população de 21 bairros do lado Oeste da Cidade.

domingo, 4 de março de 2012

O debate político precisa apontar para um novo jeito de governar

Leonardo Sampaio
Pedagogo, educador popular e gestor público

"Devemos, muito cordialmente, lembrar aos nossos presidentes que a Política não é a arte de fazer o que é possível fazer, mas sim a arte de tornar possível o que é necessário fazer"!
Augusto Boal – Discursando no Fórum Social Mundial em Belém do Pará – 2009. Direcionando estas palavras aos Presidentes dos países da America Latina presentes no Fórum.


Estamos em um ano eleitoral do qual o debate político administrativo e ideológico deve ser o eixo da discussão, a partir de projetos transformadores que apresente metodologia participativa com visão intersetorial e aponte propostas de gestão que torne o momento de eleição não apenas o criticismo, muitas vezes vazio, distante da realidade.
A crítica é bem vinda quando ajuda a refletir e a corrigir algo que possa passar despercebido, ou até mesmo quando desperta para tirar da comodidade. A crítica também pode ser cega, raivosa, destrutiva, vingativa, maldosa, mentirosa, descabida e ainda pode ter como propósito manipular e desinformar com falácias desproporcionais com a realidade.
A crítica aos gestores públicos que estão no poder e que parte da oposição, muitas vezes tem o propósito de desinformar, nesse caso ela se apresenta com certa sutileza que bastaria um pouquinho de senso crítico do observador para perceber se a critica esta levando em conta o funcionamento da máquina pública da forma como é, departamentalizada na distribuição dos recursos, ou seja, o que é de um setor, não pode ser gasto no outro. É assim a máquina administrativa, para que ela funcione como um todo, tendo em vista que todas as peças são importantes pra fazer funcioná-la.
A grande dificuldade das administrações públicas, é engrenar todas as peças, a partir da intersetorialidade, onde o conjunto das ações estejam interligadas e com olhar da sociedade, já que a população entende a gestão pública como um todo, na sua integralidade, tendo como base suas necessidades, basta ver que o movimento social bota no mesmo papel ou no discurso, tudo que ele sente, desde a satisfação à reivindicação.
É daí, de onde deve partir o debate político administrativo e ideológico apontando para um novo jeito de governar a máquina pública, prevendo desenvolvimento ecosustentável e equipamentos modernos, que garanta formação, capacitação, atendimento, emprego e renda. Junto a isso, esta a preparação da juventude para acompanhar as novas tecnologias que estão chegando aos municípios.
Esse novo jeito de governar, precisa fazer parcerias com os poderes: federal, estadual, privado e do 3º setor, para oferecer melhor qualidade nos serviços e melhoria de vida a população. O debate deve ser nessa linha de raciocínio e as pessoas que estão nas ruas, bares, filas e redes sociais, no campo ou na cidade não devem fazer a discussão apenas na visão eleitoreira, precisam com inteligência elevar o nível, porque a critica não pode ser cega, nem a sociedade pode se acomodar, tem que debater, criticar, propor e participar como protagonista de um novo modelo de gestão pública que proporcione direitos e acima de tudo busque a emancipação humana.