sexta-feira, 13 de abril de 2012

A pobreza e o Ceará

Leonardo Sampaio
Educador e gestor público

O estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA publicado pelo Jornal O Povo (02/02/2012) escancara os índices econômicos do Ceará entre 2001 a 2009, com percentuais de extrema pobreza e miséria, revelando assim, que o modelo de desenvolvimento implantado desde o Governo Tasso Jereissati, voltado para indústria globalizada e economia neoliberal, esta falido, como já faliu o capitalismo em todo o mundo. Na verdade as indústrias vêm pra cá, em busca de subsidio fiscal, mão de obra e matéria prima mais barata, pra tentar sobreviver por mais algum tempo.
Os governos do Ceará, que se sucedem desde 1986, seguem a mesma linha de argumentos que é a aceleração do desenvolvimento do Estado, a partir da elevação do PIB (Produto Interno Bruto). No entanto o estudo apresentado pelo IPEA, retrata o atraso de Estado com diversos indicadores abaixo da média do Nordeste, assim, os dados estão dizendo que o modelo não serviu para melhorar a qualidade de vida da maioria da população cearense, principalmente a rural. Portanto, ele é contraditório com a política de inclusão produtiva, defendida pelos movimentos sociais. É um modelo que jamais alcançará o seguimento que se encontra na dita pobreza, pesquisada e falada nas academias e palanques eleitorais. O projeto de desenvolvimento industrial aqui implantado, é inaceitável para vida no semi árido, porque agride a biodiversidade, é concentrador de riqueza e faz aumentar o índice de desigualdade junto à população que se encontra distante das tecnologias de ponta, trazidas pelo agronegócio e a industrialização.
O resultado do estudo, incide no retrato das gestões públicas inadequadas para governar os recursos do estado em prol do seu povo nativo, que são: índios, negros, pardos e seus descendentes, os mesmos que formam a grande maioria da população cearense e são as principais vitimas dessa política de estado fracassada, onde a renda média per capta é inferior a da região nordeste (IPEA).  Estes trágicos indicadores vêm do acumulo de décadas, em que os governos eleitos, são da mesma matriz ideológica e dão sequencia a esse modelo perverso que promove um sistema inaceitável à vida humana e ao planeta.
No campo, a extrema pobreza é crescente como mostra o estudo, para tanto, cabe ao Estado, sair dessa inércia de modelo econômico e adequar políticas de desenvolvimento ecosustentável dentro das comunidades camponesas e implementar educação de ensino que vá até a formação tecnológica e científica, para que o agricultor possa com conhecimento adquirido, organizar a cadeia produtiva, desde a preparação da terra, a plantação, ao beneficiamento do produto e a comercialização direta ao consumidor varejista e atacadista. Esse será um dos caminhos para evitar o êxodo rural e não permita mais que tantas pessoas se tornem Seres excluídos e violentados pelo sistema econômico.
Nos dias de hoje, olho para o lado e vejo a terra, olho para o outro e vejo o lixo desperdiçado, olho para cima e vejo o planeta aquecendo, olho para baixo vejo a violência, olho no olho e vejo a miséria, por isso não consigo fechar os olhos diante da ganância e do egoísmo.

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