quarta-feira, 18 de julho de 2012

Gênero, equidade e os avanços


Leonardo Sampaio
30/06/2012

Tratar sobre gênero e equidade é necessário voltar aos tempos para se perceber o modelo de sociedade patriarcal, machista, identificada já nos escritos bíblicos e ter um olhar também para a participação da mulher com papeis relevantes, que já tratava sobre a questão de poder e vida coletiva como podemos destacar nos livros de Ruti, Mirian, Ester, a existência das sacerdotisas e posteriormente Maria, que revela no Canto Magnífica uma posição política firme, quando diz: “Derrubai do trono os poderosos e  elevai os humildes”. Nessa linha Jesus também acolhe as mulheres discriminadas e os trabalhadores “autônomos” como gesto de se contrapor ao modelo de sociedade imperialista da época. Essa formulação teórica, que passa pela questão de gênero e equidade, surge a partir da Teologia da Libertação e faz aparecer uma leitura bíblica com formulações voltadas para a Teologia feminista numa linguagem ecumênica, educativa e sociocultural.
No entanto, essa conversar sobre gênero, parece remontar a luta das mulheres por igualdade de direitos nos movimentos feministas nas décadas de 70 e 80. O movimento tinha como objetivo apresentar um conceito relacionado com a compreensão das relações sociais que envolvem homens e mulheres na construção social e cultural do que é ser homem e o que é ser mulher e como isso afeta a vida social, a saúde e a educação, além de enfatizar componentes centrais sobre desigualdade de poder em diferentes sociedades e que envolve uma situação de subordinação e de dominação das mulheres, tanto na esfera pública como na privada.
O debate sobre gênero rompe com um conceito e entendimento que o tema diz respeito apenas às mulheres, na verdade trata do caráter relacional que inclui homens e mulheres. Assim entende-se masculinidade como uma construção social, com códigos, valores e simbolismo, atrelada a outras dimensões da vida social como classe, raça/etnia, geração, orientação sexual. Isso sendo reproduzido e reconstruído por instituições sociais como a família, a escola, o Estado, o local de trabalho e outros, na perspectiva de pensar performances não vinculadas às normas sociais patriarcais e que tragam benefícios à saúde e ao bem-estar das mulheres, crianças e homens, contribuindo assim para mudanças na compreensão e nas relações de gênero.
O legado dessa discussão teve mais receptividade e avanços expressivos, devido o empenho dos movimentos feminista que na década de 1970 promoveram ações pontuais dentro das escolas, atuando com estudos acerca da condição da mulher na sociedade brasileira, o que facilitou o movimento agir mais integrado e com ações voltadas para a educação, o que proporcionou a elaboração de pedagogias com práticas educativas não-sexistas, produzidas a partir de diferentes posições teórico-metodológicas, que possibilita uma educação com visão mais ampla sobre as relações de gênero e equidade.

Nenhum comentário: