sábado, 10 de novembro de 2012

Consciência negra






















Ser negro não é só a pele
Mas sua ancestralidade
É só buscar a história
Que tem a comunidade
Resgatar a descendência
Que da África vem a essência
Mesmo sem a qualidade.
                             
Assim, pode-se afirmar
Que sentir a negritude
Não é a cor que determina,
Mas, o ancestral e a virtude
De sua africanidade
Berço da humanidade
De onde vem sua atitude.

Depende de cada um
Tomar a sua decisão
Provando sua origem
E com determinação
Assumir a descendência
Com a cor ou aparência
E a África sua nação.

Nação como sua origem
De sua história africana
Tendo na arte e a cultura
Como vivência bacana
Que orgulha o ser negro
Mantendo seu jeito regro
Livre do engenho de cana.

Pra se ter consciência negra
É conviver com suas crenças
É conhecer seus direitos
Respeitar as diferenças
É defender sua história
Registrada da  memória
Ancestrais e benquerenças.  

Assumir brasilidade
De ser afrodescendentes
Reunindo os seus valores
Como bravos resistentes
Zumbi e Dragão do Mar
E outros, vieram aclamar
Guerreiros onipotentes.

São tantos os vitoriosos
Que se pode enumerar
É só olhar para África
Pra poder identificar
E circular pelo mundo
Para encontrar oriundo
Que veio do lado de lá.

Por isso a xenofobia
Não pode haver razão
Para o afrodescendente
Sofrer discriminação
E muito menos racismo
Seja de onde vem o ismo
Com desumanização.

É o preconceito que faz
O negro negar a cor
Precisa ser combatido
Esse tipo de terror
Pra existir dignidade
E a solidariedade
Com igualdade e amor.

A escola é um caminho
Com professor preparado
Pra educar contra o racismo
Por ter cabelo cacheado
E a pele com melanina
A educação não ensina
Negro ser discriminado.

A luta dos pretos libertos
Se não houver a consciência
Fica no mundo dos brancos
Vivendo só de aparência
Tentando se branquear
Sem com o outro se importar
 Negando até sua essência.

Eles se acham libertos
Negam discriminação
Tentam fugir de suas raízes
Pra subir na exploração
E viver como burguês
Achando que é sua vez
Não sentem a enganação.

Ser negro é se orgulhar
Da beleza e do que faz
Com atitude e maestria
Numa cultura de paz
Com festa e alegria
Que reúne sabedoria
Que no peito o negro traz.

Negritude é beleza
É luta e resistência
É força cultura e arte
Saberes e consciência
É buscar a liberdade
Pra viver com igualdade
No trabalho e na ciência.

Tentaram eliminar
Pluralismo cultural
E mudar o pigmento
Da etnia ancestral
Pelo o branco opressor
Dizendo-se “superior”
Tratando-o como animal.

A luta foi muito grande
O negro não aceitou
Jogou a mesa pro ar
Foi à luta e contestou
Fugiu até da senzala
Com voz firme que não cala
E o seu quilombo criou.

No quilombo ficou livre
Pra suas manifestações
Terreiros e rezadeiras
São da fé e religiões
Com os toques dos tambores
Os temperos e os sabores
Costumes e inspirações.

Para falar em costumes
Culinária e Vatapá,
Acarajé e Feijoada
Sarapatel, mungunzá
Com dança e rebolado
Música pra todo lado
Com tambores e ganzá.

E assim deixo o retrato
Do ser negro no Brasil
Ainda tem muito mais
Coisa boa e coisa hostil
Algo que alegra e revolta
É o racismo imbecil.

Vou agora te afirmando
Que todo eurocentrismo
Com o seu padrão de vida
Carregado de racismo
E o negro embranquecendo
E sua raça ofendendo
É a prática do fascismo.

Viva o vinte de novembro
Dia de lutas e de glórias
Simboliza a resistência
De conquistas e vitórias
Que de Zumbi até agora
Nas lutas se comemora
Ao longo de suas histórias.

Fortaleza, 10 de dezembro de 2012

Livro 3ª edição – 25 de março de 2019

Um comentário:

Jornalista Ademir Costa disse...

Beleza de poesia, Leonardo. Mostra uma opção radical pela valorização de nossa ancestralidade, de nossos costumes, de nosso jeito de ser, tecido em história de lutas e conquistas. Com rastros que iluminam caminhos de futuro. Parabéns!